11 December 2007

O que é a felicidade?

“A felicidade? É fazer amor por amor. É o coração ameaçar rebentar de tanto bater, quando um olhar único se fixa na tua boca, quando uma mão te deixa um pouco do seu suor na dobra do joelho esquerdo. É a saliva do ser amado que desliza na tua garganta, açucarada e transparente. É o pescoço que se alonga e se liberta das suas fadigas e dos seus nós e de torna infinito porque há uma língua que o percorre a todo o seu comprimento. É o lóbulo da orelha que pulsa como um baixo-ventre. É o dorso que delira e inventa sons e estremecimentos para dizer «amo-te». É a perna que se levanta, aprovadora, as calcinhas que tombam como uma folha, inútil e incómoda. É uma mão que entra na floresta dos cabelos, acorda as raízes da cabeça e as inunda, generosa, com a sua ternura. É o terror de dever abrir-se e a inacreditável força de se oferecer, quando tudo no mundo é pretexto para choro. A felicidade é Driss rígido pela primeira vez dentro de mim e as suas lágrimas escorrendo-me pelo ombro. A felicidade era ele. Era eu.”
in A Amêndoa - Memórias Eróticas de uma Mulher Árabe, p. 77

18 comments:

Anonymous said...

erotismo árabe? mt bem! :)

Alguém Comum said...

"A felicidade era ele"?
"A felicidade era eu"?

Não deveria também dizer:
"A felicidade somos nós" ?

cheiodetesao said...

Também pode ser, somente, um passeio à beira-mar, no inverno, sem ninguém por perto.

Pode ser uma cerveja bebida numa esplanada, com tanta gente à nossa volta...

Pode ser passear de mão dada, sem mais nada...

Pode ser ir a conduzir um carro e levar "aquela" mão na nossa...

Pode ser, durante a noite, mesmo a dormir, puxar com força a camisa de dormir que está ao nosso lado e sentir que ela responde ao puxão e vem e se abraça a nós...

:)

Sexhaler said...

Noivo: Mais um para as tuas sugestões mensais? ;)

Alguém Comum: Deveria. Se neste ponto do livro as personagens não estivessem já separadas...

Cheiodetesao: Também pode ser... Tanta coisa!
O brilho nos olhos "daquela" pessoa quando nos olha...
O sorriso de uma criança...
Uma surpresa na caixa do correio...
Uma lembrança ou uma esperança...
Tudo e nada nos traz a felicidade, é uma questão de o sabermos ver, não achas?

Beijo aos três!

cheiodetesao said...

Claro que acho...

:)

carpe vitam! said...

é um livro belíssimo, inédito. obrigada mais uma vez por me relembrares :-)

Stranger said...

Porque a Vida REAL é mais interessante q a Ficção...eu e a ANGEL resolvemos entrar neste estranho mundo dos blogs desvendando um pouco do nosso relacionamento muito pouco convencional..Espero que gostem e opinem...

Maria Francisca said...

Fui e já voltei...voltei com um sorriso estampado pela tua passagem...é reciproco o sentir.
Felicidade...é um conceito muito relativo, pelo menos para mim, mas fico feliz quando os que amo estão, seja comigo por perto ou de mim longe.
Beijo te Sex Mulher

Maria Francisca said...
This comment has been removed by the author.
Anonymous said...

Adoreiii!!!!
Bom fim de semana!

Borboleta Endiabrada said...

Adorei este excerto!!;)

boa semanita

beijinhos endiabrados

Pekenina said...

Lindo... =) Ah! E sim minha linda, já tenho histórias escritas =P mas por enquanto as piores vão para o blog. O que é bom está a ser partilhado por mim e por ele. Mas ficas com uma ideia do que foi se leres o último post. Hehe.
Felicidade? Estou agora a descobri-la aos poucos e poucos...
Beijo para ti*

Nuno said...

Felicidade...
Felicidade é sem dúvida ter alguém para amar que nos ama de volta.

carpe vitam! said...

será que só poderemos ser felizes se alguém nos amar ou bastará que amemos? será que a felicidade está nos outros ou reside em nós?

Sexhaler said...

Carpe Vitam!: Também gostei. :)

Stranger: Ando sem tempo até para o meu próprio blog, mas assim que puder faço-vos uma visitinha, ok? Entretanto, bem-vindo à minha casita virtual.

Emmanuelle: Fazer-te sorrir já me ilumina o sorriso também. A felicidade também está em fazer os outros felizes. :) Para ti, Mulher, um beijo especial.

Horácio Lobo: Sei que estou em dívida contigo (e com tantos outros) por não conseguir visitar-te também, mas continuo a prometer que assim que tiver um tempinho... Não me escapas! ;)

Borboletinha: Saudades tuas, miúda! Estou desejando as minhas mini-férias, vou poôr as visitas todas em dia! Ainda bem que gostaste. :)

Pekenina: Nem mais, a felicidade que vem em pequenas doses diárias dura mais! hehehe Ou pelo menos, parece! Assim que puder visito-te também!

O Aprendiz: Sem dúvida, é também isso, mas inclui muito mais, não te parece?! :)

Carpe Vitam! Será?

Beijo

Anonymous said...

hum...não sei! ainda tenho problemas com os fundamentalistas:)

As Mulheres Adoram Saber o que os Homens Pensam said...

Boa noite, Sexhaler,

A frase que coloquei no meu blog, concretamente no post:

http://mulheres-versus-homens.blogspot.com/2007/12/o-amor-o-maior-presente-que-podemos-dar.html

e que se intitula “O amor é o maior presente que podemos dar a nós e aos outros.” tem um alcance fora da minha compreensão, mas é deveras interessante, tanto mais que não é da minha autoria.

Pressupõe-se que a primeira parte da frase refira-se ao hedonismo, que é uma teoria ou doutrina filosófico-moral, concebida na Grécia Antiga, que defende o prazer individual e imediato como o supremo bem da vida humana.

A segunda parte da frase fala do “antídoto” do hedonismo exacerbado no fanatismo que determinadas pessoas depositam nelas próprias que, muitas das vezes, conduz a um egoísmo cego pela conquista permanente do seu bem-estar pessoal. Este “antídoto” desperta, em cada um de nós, valores mais elevados para quem compreende o significado da vida em comum, nomeadamente da partilha com o(a) parceiro(a), ou, da interacção do “eu” (indivíduo) no “todo” (sociedade), e vice-versa.

Esta frase revela uma das maiores contradições da vida, mas identifica o amor como o elemento aglutinador de posturas completamente diferentes na vida para se alcançar um objectivo comum que norteia a atitude de cada uma daquelas posturas e que resume à felicidade global, entendida esta como a súmula da felicidade individual e da felicidade colectiva.

Mas estou cada vez mais a achar que o importante é sermos felizes connosco próprios e com todas as restantes pessoas que pretendem igualmente atingir ou que se sacrificam para alcançar a felicidade, assumindo a humildade de percorrer conjuntamente aquele caminho longo com alguém por perto que pretenda assimilar esse sentimento interior tão nobre, somente alcançável quando existe sintonia entre os seres.

Vivermos com alguém que nos traz felicidade, não é suficiente.

É preciso viver de modo a dar igualmente felicidade a quem nos acompanha.

Para que seja possível tornar os outros felizes, e ao mesmo tempo encontrarmos a felicidade interior, talvez a única resposta possa ser encontrada no amor, mas esta suposição, incompreensivelmente, leva-me a desconfiar que a sociedade em pleno findar de ano, em 2007, ainda não esteja preparada civilizacionalmente para compreender o significado, a importância, a necessidade e as consequências em todas as áreas da vida desta descoberta que, pelo menos, para mim, é tão evidente.

E acredito verdadeiramente que a próxima revelação de um dos maiores segredos do universo é ainda compreender que, após esta fase de reconciliação com o amor nas nossas vidas, não existirá qualquer dúvida ou desconfiança sobre o que as mulheres pensam dos homens ou o que os homens pensam das mulheres.

O autor do blog

carpe vitam! said...

"A felicidade não está no que acontece mas no que acontece em nós desse acontecer. A felicidade tem que ver com o que nos falta ou não na vida que nos calhou. devo dizer-te que me não falta nada, quase nada."
Vergílio Ferreira, Nome da Terra