19 February 2008

O desafio da "Ana Magnólia"

- No 3º direito, existe uma mulher decidida. Ela adora sexo. Não há por onde negar. Ela detesta sentir-se cansada às dez da noite. Ela costuma sussurrar ao ouvido de outras pessoas e para si própria "delicioso". Ela delira ver desde o primeiro ao último minuto o "Eyes Wide Shut" e não esconde o gosto em ver Nicole Kidman a representar. Ela coloca o desafio à Sexhaler.
- 7 coisas que sei fazer bem;
- 7 coisas que não sei fazer;
- 7 coisas que digo frequentemente;
- 7 qualidades que aprecio no sexo oposto ( ou no mesmo ser for o caso );
- 7 filmes favoritos;
- 7 actores/actrizes preferidos;
- 7 vitimas para lançar este desafio;




Seria muito dificil, senão impossível, superar as respostas dadas em Junho do ano passado neste post do Three To Tango... No entanto, como desta vez me calha só a mim esta tarefa, que jamais recusaria à sedutora Ana e à irresistível Magnólia, vou tentar responder o melhor que puder, mas vou reduzir isto a três porque sete é muita fruta!

Coisas que sei fazer bem
Ora, deixa cá ver... Sei fazer bastantes coisas bem, resta-me decidir se vou falar daquelas que mais importam ou das outras, mais triviais... Ou de ambas!
Eu sei ouvir. Ouvir realmente quem fala comigo. Ouço com o corpo todo, com os ouvidos, claro, mas com a mente e o coração também. Ouço com os olhos, espiando cada reflexo, cada gesto, cada expressão. Ouço... da melhor forma que posso e sei todos os que escolhem depositar em mim palavras, sensações, sentimentos e confissões.
Sei fazer uma excelente mousse de chocolate! Rica, cremosa, doce sem ser enjoativa, derretendo-se na boca e invadindo a boca com sensualidade, até finalmente se engolida com um gemido de prazer, enquanto a colher já mergulha na taça para uma nova investida achocolatada aos sentidos. Assim é a minha mousse, que tem um segredo que dificilmente partilho! ;)
Sou esposa e mãe. Por ser, não quer dizer que o saiba fazer bem. Quanto a se esposa... não me vou pronunciar, mas o meu marido não se queixa... muito! Vá lá, hoje estamos num dia bom e posso dizer que sei ser mãe. Claro que tenho dúvidas, claro que muitas vezes me interrogo se estarei a fazer o melhor para o meu filho, claro que é frequente achar que poderia ter tido mais paciência, mais calma, mais tacto... Se assim não fosse de certeza que não seria uma boa mãe. Faz parte! O não saber ou o querer saber sempre mais e fazer sempre melhor são o que faz de nós melhores pessoas, melhores mães e pais.


Coisas que não sei fazer
Digo a quem me quiser ouvir que não sei cozinhar. Não é bem verdade mas fica lá perto. Eu detesto cozinhar, e quando as coisas não se fazem com gosto não podem sair bem, certo?
Patinar! Eu gostava, adorava mesmo aprender a patinar, mas não posso. Estou piribida dos médicos. Como também gostaria de poder experimentar certos desportos radicais como o bungee jumping... Como também gostaria de me meter numa montanha russa e gritar até me saltarem os pulmões (olhem que não é fácil que eles estão bem treinados!) Não posso, pronto, nem penso muito nisso porque nunca pude... Diversos problemas médicos, especialmente de coluna me impedem e só se eu não tivesse um pinguito de juízo é que me meteria em tais aventuras.
Não sei mentir. Especialmente a quem me conhece, nem precisa me conhecer bem! O meu olhar é transparente e há muito que desisti de tentar esconder o que sinto ou o que penso. O que não tem remédio, remediado está: Sinceridade is my middle name! ;)

Coisas que digo frequentemente
O nome do meu filho. Tenho um piratinha com três anitos que nunca pára! Passo a vida a chamar por ele para tentar impedi-lo de fazer asneiras ou para tentar que ele faça algo, qualquer coisa que eu lhe peça!Digamos que... a obediência não é o seu forte, mas a culpa não é dele: é genético! :D
Cacete! ou Ai o cacete! Quando me magoo, quando me zango, quando brinco... Eu muito raramente digo asneiras, excepto quando devidamente entusiasmada, porque não há como umas ordinarices para deitar achas na fogueira! ;) Canudo! ou Ai o canudo! Substitui o cacete quando calha, por isso serve os mesmos propósitos.
Doce. Doce é uma palavra que utilizo muito e que me serve para quase tudo e todos! Para mim doce pode ser aplicado a algo comestível, a uma pessoa ou a uma atitude, a um cheiro ou a um local, a uma sensação ou um sentimento... Doce pode ser até a vida, mas são principalmente os amigos e amigas.


Qualidades que aprecio no sexo oposto
Honestidade
Educação
Sinceridade
Sensualidade
Cuidado consigo próprio
Humor, do bom, claro!
Inteligência
Alguma malícia

Filmes favoritos
Cry Baby - Quanto mais não seja para ver o Johny Depp à la rockabilly! Pronto, eu sei, não é lá grande filme, até é muito pouco conhecido, mas... mim gosta!
Moulin Rouge - A cena de Tango vale por tudo! E a voz do Ewan... "Love is a many splendored thing! Love lifts us up where we belong! All we need is love!..."
Shreck! - Que posso dizer? Há uma criança em mim e gosta de ogres grandes, feios e de coração mole! hihihi Eu gosto de fantasia, para realidade ligo a televisão na hora dos noticiários! Eu gosto de fadas e duendes, de dragões e centauros, de heróis improváveis, bruxas, feiticeiros, hobbits, unicornios... Gosto de magia! Gosto do improvável e do impossível. Gosto... de sonhar!...

Actores/Actrizes favoritos
Johnny Depp
Sean Connery
Nicole Kidman
Ruy de Carvalho
Monica Belucci
Orlando Bloom
Entre outros...

Pronto! Agora seria de esperar que escolhesse mais sete vítimas a quem passar este desafio, assim ditam as regras, mas não o farei. Considerem-se desafiados, todos vós que passam por aqui e roubam alguns minutos do vosso tempo para me lerem.

Ia à pesca de umas fotos e imagens giras para pôr aqui e não escapar à regra, mas não me apetece. Afinal, quem cá vem não vem pelas fotos, certo?

06 February 2008

Serviço público

Interrompo aqui a emissão porque tenho que partilhar convosco um blog fantástico! A Magnólia que me perdoe mas eu gosto dos meus leitores, daqueles que me visitam dia após dia e me presenteiam com a sua atenção e os seus comentários. É por eles - vocês - que interrompo a minha escrevinhação habitual... Vocês têm que ler isto!
Imaginem um prédio com seis apartamentos, habitados por inquilinos muito pouco comuns! Um prédio onde se desenrolam os mais excitantes acontecimentos, exposto com uma escrita erótica e sensual, mas com bom senso, com realismo e inteligência. Ele existe, nem que seja só virtualmente, e chama-se Edifício Magnólia. (O facto de não ter link é propositado, para que leiam desde o início)
Isto é serviço público, minha gente, vão ver que ainda me agradecem!!!

Os posts são sequenciais por isso devem começar a ler do primeiro, para perceberem bem toda a história. E começa assim:

Isto é apenas o inicio...
-
"Tu gostas de ver, não gostas?"
Tagline do filme Sliver, de 1993, com Sharon Stone e
William Baldwin.
http://www.imdb.com/title/tt0108162/

A história que agora se inicia não é suposto ter
um fim. A história que se segue não é uma novela comum, nem tão pouco um mero
desenrolar de posts. A história que vos conto é uma aventura...
É um desenrolar de uma história que se partilha em seis pedaços. Cada um desses pedaços transpira sensualidade, erotismo e muita intimidade secreta. Singularmente, cada pedaço faz parte de uma trivialidade tão comum. E no fundo, todos esses pedaços têm as suas ligações. Enraizado no centro de uma grande cidade portuguesa, existe um edificio singular. Na sua estrutura, nas suas rotinas e nos seus peculiares habitantes e inquilinos. O Edificio Magnolia é um prédio de três andares, com dois apartamentos por cada nível, à excepção da cave, que é a casa de serviço. Um prédio recente, com particularidades diferentes em cada uma das fracções.
Do 1º esquerdo ao 3º direito vivem personagens tão características como a acompanhante de luxo que decidiu morar sozinha para rentabilizar o seu negócio de prazer, depois do sucesso num clube privado; o casal mais que perfeito à beira da ruptura, que continua a ferir-se mutuamente nas costas com duas facas afiadas de traição; o curioso casal de idades distintas mas pensamentos comuns, que procura conhecer cada vez melhor o mundo delicado da partilha; o professor de Equitação, charmoso e inevitavelmente atraente, irresistivel aos olhos de qualquer vizinha; a jovem universitária que se apaixonou pela colega com quem partilha o apartamento e que namora há seis anos com o amor da sua vida; a professora universitária
quarentona, que terminou recentemente um casamento de 20 anos com um homem que a humilhava por ela não poder ter filhos;
As paredes deste prédio são testemunhas das vivências destas personagens fortes, misteriosamente eróticas e perigosamente envolvidas. Daqui em diante, tudo o que será revelado serão os seus segredos mais intimos.
O blogue que hoje se inicia é uma aventura à imaginação intima de cada um de nós. Os posts futuramente publicados farão uma invasão ao desejo, à paixão, à sensualidade e erotismo que cada uma das personagens vive.
Esta história não é um conto romântico. Estes relatos não fazem parte de um filme de qualidade duvidosa do Cine Bolso. Os posts que se seguem não se assemelham aos blogs que costuma ler.
Prepare-se para entrar na moradia mais ousada e eroticamente quotidiana que jamais teve o prazer de visitar.
A semelhança com qualquer vida real que possa achar conhecer é mera ficção. Mas o desejo que vive em todas estas personagens poderá morar na sua imaginação.
Seis apartamentos, seis histórias. Cinco delas são fruto de uma larga imaginação. Mas uma delas é real. Intensamente real.
Consegue descobrir qual?

02 February 2008

A Intocável (Parte I)

Ela entrou no restaurante, à mesma hora de todos os outros dias, e dirigiu-se à mesa do costume sem sequer olhar em volta. Senta-se e abre a mala para tirar o seu pequeno acompanhante de quase todas as horas, a sua vida na palma da mão: o palm. Espera um e-mail importante que ainda não chegou, e começa a reorganizar a sua agenda quando chega a funcionária de sempre para anotar o seu pedido.
O e-mail não chega, talvez tenha que adiar aquela reunião... Levanta os olhos, pensativa, sem ver o restaurante, que começa a encher, nem a forma como o sol de inverno brilha lá fora.
Ela não vê, mas é vista.
Miguel acabou de chegar a um novo emprego, longe da cidade onde sempre viveu e ainda se admira com a alegria que encontra nesta nova terra solarenga. Gosta de observar, é o seu passatempo desde que se lembra. Observar, escutar, percepcionar... Tentar adivinhar as vidas alheias, imaginar como serão as pessoas na sua casa, na sua intimidade. Está um casal na mesa ao lado que ele observa sub-repticiamente. Ela, uma mulher bonita de vinte e muitos anos, está nervosa, ele vê pequenos tiques que acredita indicarem que ela não se sente confortável ali, ela olha muitas vezes em volta, como se tivesse receio de ser vista, sorri e conversa com o acompanhante, mas sem se entregar completamente à sua companhia. Na mão esquerda, uma aliança de ouro. Sem dúvida, aquele não deve ser o marido. Quando ele leva o copo à boca ambas as suas mãos ficam visíveis, e estão nuas de qualquer adereço. Jovem e sorridente, ele parece confiante e despreocupado.
Miguel segue observando as pessoas no restaurante até os seus olhos escuros encontrarem aquela mulher sozinha. É a única pessoa a comer sozinha, para além dele, mas não parece sequer dar-se conta do mundo que a rodeia, o que proporciona que ele a observe directa e descaradamente.
O prato de sopa à frente dela arrefece sem que ela o olhe, as suas mãos de dedos finos e delicados manejam um pequeno computador com facilidade. Ela tem o longo cabelo castanho preso, o que expõe o seu rosto à apreciação do recém-chegado. Ele descobre-lhe os traços finos mas fortes do seu rosto, que indicam uma mulher enérgica e decidida. Uma mulher confiante e independente, com um ar inteligente e... Bela.
Ela pousa o palm com um ar agastado de quem foi contrariada, e começa a comer a sopa.
Ele observa a forma como ela leva a colher aos lábios discretamente pintados. Gostava que ela sorrisse. O seu sorriso deve ser belo. A sua refeição chega e interrompe as divagações acerca da bela desconhecida. A empregada é simpática e certifica-se de que o novo cliente está satisfeito antes de partir de volta aos seus afazeres, libertando o campo de visão dele. A surpresa é que a desconhecida já não está lá e ele sente-se desiludido. Sorri, estranhando este sentimento e começa a comer, quando a vê de novo, saindo do restaurante orgulhosamente só. Várias cabeças masculinas, e até algumas femininas se viram à sua passagem.

Dois dias depois, Miguel regressa ao mesmo restaurante. Desta vez está acompanhado por colegas do escritório. O Paulo e a Joana são simpáticos e sorridentes, e vão tentando que ele se integre bem na equipa, ela contando-lhe os últimos mexericos e ele, mais formal, falando do trabalho e dos pequenos truques, como oferecer uma caixa de chocolates à rapariga das fotocópias para se ter prioridade. Ele sorri e responde, mas está meio ausente, os seus olhos varrem o restaurante à procura daquela cara, daquele corpo... Sem sucesso. Ela não está ali como da última vez. Miguel decide dedicar-se aos seus companheiros de refeição e à sua conversa animada.
Miguel ri-se, sonoramente, da piada que Paulo acabou de contar quando o riso lhe morre na garganta ao vê-la chegar. A sua forma de andar transpira sensualidade, o fato saia casaco ajusta-se na perfeição às suas formas generosas, e aquele decote... Devia ser crime. Intrigados, os colegas viram-se para ver o que prende assim a sua atenção.
- Ohoh! A Intocável... Esquece amigo, aquela só vê trabalho à frente.
- Ah, Paulo, um homem pode sonhar, não? - Responde-lhe.
Joana sorri e não comenta. As mulheres têm destas coisas, pequenos segredos, opiniões que não transmitem, silêncios carregados de significados que só elas conhecem.
Miguel observa a forma como ela cumprimenta a funcionária do restaurante e tenta adivinhar as palavras que compõe aquela pequena conversa. Como da outra vez, ela senta-se sozinha e agarra no palm, trabalhando sem cessar.
A conversa dos novos amigos perde as cores garridas que ainda há pouco tinha, e ele responde de forma distante aos comentários que eles vão fazendo.
- Paulo, acho que o nosso Miguel está longe daqui... mas não muito! - Diz Joana.
- Parece que sim - e voltando-se para Miguel pergunta-lhe - Miguel, que tal voltares para casa?
- Hã? Sim, para casa... Não! Para casa como?
- Já que não estás cá e não vais ter sorte nenhuma com a Intocável...
- Oh, não, nem pensem nisso! Só estava a observar, é uma coisa que eu faço. Gosto de observar, e quando o que se vê é tão agradável...
Eles riem-se, já viram aquele filme antes. Ela consegue sempre despertar a tenção dos recém-chegados, mas assim que algum se tenta aproximar é repudiado sem cerimónias e acaba por desistir.
A conversa decorre agradável enquanto Miguel vê a mesma cena decorrer em frente dos seus olhos escuros. Ela trabalha, pousa o palm de forma a ainda poder vê-lo e come, depois levanta-se e vai aos lavabos, paga e sai. Pouco depois saem eles, de regresso ao trabalho.

No dia seguinte, Miguel vai almoçar sozinho ao mesmo restaurante. Vai com o propósito de a ver e de fazer algo, ainda não sabe bem o quê, mas assim é que não pode continuar. O seu corpo reage quando ele rememora o sonho dessa noite, o sonho em que ela se derretia nos seus braços. Uma quimera... Ele recompõe-se à entrada dela. O mesmo ritual desenvolve-se diante de si, sem alterações, sem que ela levante os olhos, sem...
Ele chama a empregada, decidido, e quando ela se aproxima ele diz-lhe:
- Quando aquela senhora quiser pagar, diga-lhe que já está pago. Eu quero oferecer-lhe o almoço.
- Ah, peço desculpa, mas a senhora não aceita nada de ninguém. Nunca aceitou.
- Não se perde nada por tentar mais uma vez, pois não? Vá... Fazemos assim, você diz-lhe que o almoço dela já foi pago mas não lhe diz quem foi, pode ser?
Miguel usa os seus dotes de sedutor, descaradamente, e a funcionária acaba por ceder relutantemente. Quem poderia resistir àquele olhar profundo?
Quando a refeição dela acaba e ela se dirige aos lavabos, como sempre, Miguel espera ansioso pela sua reacção. Não era exactamente aquilo que ele esperava, parece que ela está zangada, furiosa mesmo! Ele observa enquanto ela gesticula e fala para a funcionária, depois a pobre coitada, muito vermelha, dirige-se à cozinha e traz com ela a segunda funcionária do restaurante. Mais algumas palavras são trocadas entre as três, a Intocável deixa uma nota em cima do balcão e sai, com o passo rápido de quem não está nada satisfeita.
Ui, parece que isto não correu nada bem, pensa ele enquanto a empregada se aproxima.
- Isto não voltará a acontecer, senhor, a Dra. Clara é uma cliente de há muito tempo e saíu daqui furiosa. Ela não aceita que ninguém pague o que ela consome e nós já devíamos saber disso. Aqui está o dinheiro que ela deixou, se quiser mesmo pagar a conta dela, pode ir devolvê-lo, mas não conte mais comigo!
Dito isto, ela pousa o dinheiro em cima da mesa e vai-se embora. Miguel decide não deixar as coisas como estão e, dirige-se ao balcão para pagar. A nota que ela deixou é guardada no bolso interior do seu casaco, mas ele deixa uma de igual valor como gorjeta para as funcionárias.

Miguel não está habituado a receber um não como resposta e tem apenas um dia para pensar no passo seguinte. E vocês, o que fariam?